TEORIA DE CÉLESTIN FREINET


Célestin Freinet, grande humanista nasceu no ano de 1896 em Gars, no sul da   França,   na   região   de   Proença   e morreu em 1966 na cidade de Vence, na França. Teve uma infância e juventude rural, em meio às paisagens trabalhou como pastor de rebanhos, como também desenvolveu   alguns   valores   voltados para o homem do campo. Embora tenha freqüentado uma escola considerada boa na época, era uma escola com pouco ou nenhum material didático.

Na adolescência mudou-se para Nice. Aí iniciou o seu curso de magistério,    mas    foi    interrompido com o inicio da 1ª guerra mundial em
1941. Costumava sempre dizer: “Minha  formação  como  professor não se fez só na escola normal, mas também na guerra”.
Freinet inicia em Bar-Sur-Loup suas atividades como professor, mesmo sem ter concluído o curso normal. A sala de aula sempre foi a sua paixão.
Freinet não foi um simples professor. Gostava de pesquisar, de participar de debates, sempre escrevendo artigos relacionados com educação, e buscando práticas pedagógicas                       alternativas. Seus estudos foram aprofundados e tiveram como referencia a teoria de grandes filósofos e teóricos, como o

Rousseau,       Pestalozzi,       Decroly, Dewey, Forbel e Piaget.
Freinet achava que a sala de aula não  é  um  espaço  físico  determinado pelas instituições educacionais, mas a sala de aula é qualquer espaço onde o exercício  do  pensamento  e  da criatividade esteja presente e a serviço da sociedade. Defendia a pedagogia natural, de acordo com os interesses e necessidades do aluno. Pensava que o aluno construia o seu conhecimento não apenas tendo acesso a informação, mas apropriando-se do saber, sem imobilismo ou abstração, inserindo a alegria e o prazer no processo ensino aprendizagem. Pensava  ainda  que  a  escola  devia  ser viva, ativa, dinâmica, aberta para o encontro com a vida, onde tivesse a participação da família e da comunidade. A sala de aula devia ser o local onde o aluno se revela, cria, inventa e exprime

suas vivências; era preciso respeitá-la para que pudesse desenvolver sua capacidade e sua personalidade, sem afastar-se de uma finalidade social e humana mais ampla.
Freinet, ainda pensou que a sala de aula não podia ser um casulo hermético desvinculado do todo social e das suas contradições.  A sala  de  aula  devia  ser uma oficina de trabalho, de criação e de pesquisas,   um   local   de   produção   e criação  do saber. Ele  achava  que todo trabalho educativo só tem qualidade quando os objetivos são claros. O professor não deve atuar como uma máquina, sujeitando-se a rotinas. É fundamental  a  motivação  para  o trabalho. Deve ser um facilitador que encaminha o aluno a tomar consciência do  seu  valor,  um  amigo  que  age  e aprende com os alunos. Alunos rebeldes e   apáticos   devem   ser   estimulados   a

propor   suas   idéias   nos   grandes   e pequenos grupos. Aos pouco, este tipo de aluno vai se descobrindo, com seus erros e acertos, até chegar a descoberta de uma aprendizagem significativa.
Em 1956, Freinet preocupou-se com o excesso de alunos em sala de aula, e lança neste período uma campanha nacional por 25 alunos em sala de aula. Ele tinha uma grande preocupação com turmas numerosas e heterogêneas, mas a sua pedagogia defendia a idéia de que os alunos podiam se organizar em grupos de acordo com seus interesses e em seguida serem criados momentos onde todos participassem.
A pedagogia de Freinet foi centrada na   criança   e   tem   como   princípios teóricos a:
* comunicação;
* expressão;
* afetividade;

* responsabilidade;
* sociabilidade;
* autonomia;
* criatividade;
* reflexão;
* senso cooperativo;
Freinet foi chamado pelo exército para se alistar na época da primeira guerra mundial. Nesta época sofreu ações   dos   gases   tóxicos,   ficando doente do pulmão até o final de sua vida. Mesmo sem esperança  de cura para a doença dos seus pulmões, Freinet  não  abandonou  suas pesquisas e descobertas.
Freinet foi preso em 1940 no campo de concentração de Var. Gostava tanto da profissão de professor,  que  na  mesma  época  da sua prisão, dava aula para seus companheiros de sela, e, aproveitava para fazer suas pesquisas. Após sair

da prisão, se integrou ao Movimento da Resistência Francesa. Voltou para Vence, onde recomeçou suas atividades. Nesta época, aproximadamente nos anos 50, sua pedagogia se espalhou pelo mundo, criando um movimento em prol da Escola Pública, e é isto que distingue dos    demais    pensadores    do movimento  da  Escola  Nova  na Europa.
Em 1939, Freinet é exonerado do cargo  de  professor  e  lança oficialmente sua escola com ajuda de doações,  mas  o  Ministério  da Educação recusou-se a reconhecer.
Na sua escola, ele fez varias experiências com crianças, utilizando diversas técnicas:
Aula Passeio-acreditava que o interesse da criança estava fora da escola.   Realizava   as   aulas-passeio

para  observar  aspectos  da  vida animal. Todo o seu trabalho em sala de aula era voltado para uma aprendizagem interdisciplinar, onde todas as áreas eram relacionadas com a vida cotidiana do aluno.
Texto Livre-consiste na liberdade que a criança deve ter para se expressar, não só na forma escrita, como  em  forma  de  pintura,  de desenho e até mesmo de poemas. É a criança que deve escolher a forma como quer se expressar.
Imprensa Escolar - era a técnica usada para as entrevistas, pesquisas, vivencias e aula passeio. Todo esse trabalho deveria ser coletivo.
Correção - achava fundamental a correção do texto, e, este era um processo deveria ser feito coletivamente.  Freinet  dizia  que  o

erro  deveria  ser  trabalhado,  para  se encontrar o acerto.
Livro da Vida-era uma espécie de diário, aonde as crianças iam registrando   e   expondo   suas diferentes maneiras de ver a aula e a vida. No Livro da Vida, o aluno tinha oportunidade de realizar observações como conceitos e os conteúdos se organizavam.
Fichário de Conduta - são exercícios relacionados com todas as disciplinas,   construídas coletivamente em sala de aula envolvendo  alunos e  professores. Estes  exercícios  ficam  a  disposição da criança para serem utilizados de acordo com as necessidades individuais.
Plano de Trabalho - os alunos organizavam um plano, contendo as atividades  que  seriam  desenvolvidas

durante a semana. Este plano de trabalho deveria estar coerente com o currículo escolar.
Correspondência Interescolar-é a troca de cartas, desenhos, textos, fitas, vídeos, e-mail, etc que se fazia entre  uma  classe  e  outra  de  alunos. Esta  é  uma  forma  de  aprendizagem que deve ser planejada cooperativamente entre alunos e professores.
Auto-Avaliação-o aluno deveria participar  da  sua  avaliação, utilizando fichas para seus registros pessoais, e, assim estaria acompanhando seu desempenho, e, seus erros nos trabalhos realizados.

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